terça-feira, 18 de janeiro de 2011

PAISAGEM NA POESIA DO TEMPO

Piracema - paisagem onde vivi minha infância - Foto by Celêdian jan/2011

O caminho se estende como tapete espesso,
nele percorro em curvas, memórias de mim,
marcadas nas espalhadas palavras que teço,
recolhidas em versos, parindo poesia enfim.

Longe a velha porteira, perto o velho cupim,
longínquas passagens, as quais não esqueço,
pueris lembranças doces, saudades sem fim,
adolescentes vontades, do tempo o começo.

Cerrado verde recém molhado, bem conheço,
resquícios dos cheiros, sabores, coisas assim,
impregnados n’alma, do tempo que arrefeço.

É doce rever a trilha por onde me reconheço
menina, desconhecendo da vida o frenesim,
brinco de ser poeta no rumo que estabeleço.

9 comentários:

  1. Esta memória e identidade é que nos ajudam a sustentar a integridade. Ah, quanta saudade me bateu aqui, minha amiga! E que lindo este soneto! Meu abraço. Paz e bem.

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  2. Minha querida Celêdian,

    demorei-me neste seu primoroso soneto. Como você, retornei nos anos, perlustrei novamente estradas de terra batida, cerrados, revi umbaúbas, aroeiras e cupins, pastos e horizontes, descampados a perder de vista...

    Neste mar de marasmos interiores, de ramerrões psico-sentimentais que por vêzes leio e escrevo, o seu poema é uma janela de vida, um hausto do mais saboroso oxigênio e que, não apenas refresca a nossa memória, mas dá-nos o alento necessário para continuar seguindo.

    Que belo passado que você viveu, minha privilegiada amiga. Parabéns também pela bela foto que fez, não poderia existir melhor ilustração para um tão belo soneto.

    Um grande abraço, amiga poetisa, e bom dia.

    André

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  3. Sinestesia.

    É fantástico como algumas coisas despertam sensações no ser humano. São associações que nos fazem traçar uma "viagem" extremamente prazerosa, e o que li por aqui, me fez lembrar de imediato de uma música do Lô Borges, PAISAGEM DA JANELA.

    Não sei dizer ao certo o por quê disso ter acontecido, mas a associação foi imediata. E te afirmo que pouquíssimos textos despertam isso em mim.

    Se for para classificar teu soneto, só existiria uma palavra: fantástico.

    Meu abraço, Celêdian.

    Marcio

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  4. Reminiscências. Lembranças. Vidas. Tudo se encontra num único e indelével endereço: as palavras permeadas pela emoção. Um beijo do Jorge, felicidades.

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  5. Eu acredito que nunca nos libertamos das nossas memórias e, nesse sentido, que nós somos - e seremos sempre - as nossas memórias, pelo que é tão importante que cuidemos delas e as acarinhemos por todos os meios ao nosso alcance, como sonetos lindos assim, digno da foto que o acompanha, em puro equilíbrio.
    Abraço.H

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  6. "...nele percorro em curvas, memórias de mim" Lindo, parabéns! Belo e estiloso soneto. Adorei sua escrita e seu blog.

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  7. Dias atrás voltei à comunidade rural onde passei parte da infância. E seus versos me levaram hj, novamente, àquele melancólico lugar: a estrada, as àrvores,as velhas casas...
    Uma delicia seus versos.

    abraços

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  8. As poesias nostálgicas são minhas preferidas... Também as verto em momentos saudosistas! Parabéns pela sensibilidade de tua alma, capaz de tão lindos versos! Abraço

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  9. As poesias nostálgicas são minhas preferidas... também as verto em momentos saudosistas. Parabéns pela sensibilidade de tua alma, capaz de tão lindos versos! Abraço

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