sábado, 20 de outubro de 2012

Apresentação da coletânea GANDAVOS - OS CONTADORES DE HISTÓRIAS

Desenho da capa pelo artista pernambucano Edmar Sales

GANDAVOS – OS CONTADORES DE HISTÓRIAS é uma coleção de histórias, memórias, dores, delícias, pecados, bondades, tragédias, sucessos, sentimentos pensamentos, questionamentos, resultante da feliz ideia de Carlos Lopes, que através de seu Blog de mesmo nome e que agora completa um ano no ar, reuniu excertos selecionados de diversos autores brasileiros. A coletânea reuniu, predominantemente, textos que remetem às lembranças da infância e adolescência, que marcam e fazem denotar, às vezes, certo saudosismo e em outras apenas fazem realçar os reflexos ou implicações, do que as experiências vivenciadas e individuais trouxeram de valores através dos tempos, para cada autor.

Em outros textos há abordagens de temas que remontam ao tempo em aspectos que aludem às origens, costumes, tradições regionais. As lendas [Do latim, legenda, “coisas que devem ser lidas”.] oriundas de tempos imemoriais e popularmente aceitas como verdades, as histórias fantasiosas ligadas a pessoas verdadeiras, acontecimentos ou lugares, são narradas com extrema originalidade.  Contando com autores de vários Estados, Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, assegura-se no conjunto, uma rica contribuição para a divulgação da cultura diferenciada do nosso vasto Brasil.

Há textos de caráter ficcional e histórias reais, que constituem um conjunto diversificado e moderno, que busca privilegiar a individualidade criativa, uma reconcepção da forma de expressão literária, que usa da liberdade concedida aos autores para se expressarem criativamente, sem obediência rígida a regras, preceitos, a uma gramática, a um código ou a um modelo convencional de escrita, já que hoje “aceita-se” que nenhuma forma de expressão literária pode estar sujeita a regras castradoras da sua concretização artística. Contudo, a linguagem própria de cada autor nessa coletânea, revisada pelos mesmos, sem rebuscamentos, despretensiosa, cumpre em cada texto, a sua função de comunicação, com efeito, servindo de instrumento, ponte, mediação para a comunicação, articulando com o leitor, uma interação que favorece e provoca o seu envolvimento de uma forma leve e agradável.

Eis portanto, nesta obra, uma excelente oportunidade do leitor se defrontar com uma leitura prazerosa, de realidades distintas, mas que de uma forma bem sutil consegue transportá-los a lugares, no tempo e no espaço, inimagináveis, além de, em algumas situações, remetê-los às suas próprias recordações.

Celêdian Assis de Sousa
Belo Horizonte - MG

Autores:
Carlos Lopes, Celêdian Assis de Sousa, Fábio Ribas, Gilberto Dantas, Augusto Sampaio Angelim, Geraldinho do Engenho, José Soares de Melo, Maria Olimpia Alves de Melo, Adriane Morais, Ana Bailune, Carlos Costa, José Eduardo Costa, Dilermando Cardoso, Jorge Farias Remígio e Fernando José carneiro de Souza. Ilustração da capa:Artista Edmar Sales



sábado, 25 de agosto de 2012

APRESENTAÇÃO DO LIVRO "DEDOS DE PROSA - DE CONTO EM CONTO" (Por Celêdian Assis)


APRESENTAÇÃO

Registrar em um livro o mergulho solitário nas reminiscências, na memória do que se viveu ou até mesmo o que não foi vivenciado, mas que de alguma forma marcou o imaginário, é como emergir desse mergulho e trazer à tona, aos olhos do leitor, a possibilidade de que ele mergulhe em sua própria história, seja pela semelhança, ou até mesmo pela diferença – contudo, jamais sem que o leitor fique indiferente ao convite à reflexão. Ao ler o livro Dedos de Prosa, seja na sequência de conto a conto, ou folheando um ou outro aleatoriamente, confirma-se tal intento.
Dedos de prosa é uma coletânea de contos, ambientados no estado natal do autor, Pernambuco, em cuja edição o autor utiliza também o espaço, com ilustrações em fotografias e desenhos, tornando as histórias mais verossímeis e cumprindo também o papel de homenagear pessoas que lhe são caras, além de outras pessoas, cenas e lugares, que o remetem às lembranças, ou que foram o norte de suas inspirações. es com fotografias, tornando as hists eram coisa de pobresSão histórias completas e fechadas e em cada uma delas há uma nova ação, caracterizadas pela concisão e precisão, além de uma densidade poética sem extremos, nada é tão pesado, nem tão leve, mas que causam no leitor, efeitos de inquietação, excitação e emoção. O autor alterna histórias da infância, da juventude e as da vida adulta, quebrando o ritmo de continuidade, de sequência cronológica, conferindo-lhes a característica de atemporalidade. Da mesma forma, ele funde situações reais às outras ficcionais, aludindo aos fatos ou criando cenas, cenários e personagens que se encaixam perfeitamente neste jogo lúdico de dar vida à sua história.
Carlos Lopes narra com muita naturalidade em alguns textos que remontam à infância, tais como (Inha, um doce de papagaio; Pedrinha; A Roda e o chão) - entre outros, a simplicidade de uma criança, a ingenuidade das brincadeiras, a curiosidade, a criatividade diante dos poucos recursos das épocas específicas e o apego aos animais. Em alguns textos aparecem referências já na idade adulta como repercussões das lembranças e aprendizados da infância. Outros se referem às passagens da juventude, às travessuras, o princípio da independência, os sonhos, os arroubos de paixão, sempre permeados de reflexões de cunho psicológico (reações do homem diante da paixão, do prazer das descobertas), ou ainda naqueles textos que já na idade adulta, o autor propõe reflexões filosóficas de cunho moral e social, sobre a miséria humana (A moça do jornal) e sobre comportamento do homem diante de suas mazelas na vida.
Outro aspecto marcante do autor é a forma como ele se relaciona afetivamente com seus animais de estimação e como ele lhes dá um espaço de protagonistas (Otávio, Tutinha e os outros) de suas próprias histórias, dando-lhes voz própria, como se fossem eles próprios a narrá-las, com surpreendente realismo. Em outros momentos a afetividade torna-se novamente o ponto alto da narrativa, quando rende homenagens aos amigos, quando refere ao pai ou à mãe com admiração e respeito e às muitas lembranças que são motes da maioria de seus textos. Carlos Lopes desta forma empresta aos seus textos, a sua percepção sensível e simples sobre a nobreza dos sentimentos e enlaça o leitor pela simplicidade da emoção.
A linguagem, os costumes da cultura regional são colocados de forma clara e agradável, o que deixa o leitor à vontade e que permite a ele penetrar nos ambientes, nas cenas como se elas lhe fossem familiares. Há que se destacar igualmente, a importância da contribuição do autor para a valorização e preservação da cultura local. Trata-se, portanto, de uma obra admirável.
Tenho imenso orgulho em apresentar essa, que é a segunda obra do autor e amigo Carlos Lopes e a quem agradeço pela generosidade e confiança.

Celêdian Assis de Sousa
Belo Horizonte - MG

quinta-feira, 21 de junho de 2012

TRIBUTO A MACHADO DE ASSIS

Machado de Assis - Imagem Google

A 21 de junho de 1839 nascia Machado de Assis, para se tornar posteriormente o gênio da literatura brasileira e eternizar-se na memória de nossa cultura. Rendo-lhe a minha simples homenagem, longe de qualquer pretensão de chegar pelo menos aos pés do que ele representa para mim: o maior escritor e poeta de todos os tempos. De seu belíssimo soneto Círculo Vicioso, em versos alexandrinos, faço em versos bárbaros e sem maiores técnicas, uma inversão da inveja e do ciúme entre estrelas, sol, lua e vagalume, na minha própria inveja da poesia de Machado. 
CÍRCULO VICIOSO
MACHADO DE ASSIS
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume :
— Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme :

— Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna à gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume :

— Mísera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rútila capela :

— Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?

REVERSO
(Por Celêdian Assis)
Vagam sós, com seus lumes em etérea altura,
as estrelas, recolhidas no azul escuro e tépido
não clamam solidão, ou outra suposta agrura
nem ciúmes ou inveja, da lua, de brilho lépido

D’outro canto as espreita a lua -  e murmura:
- Estrelas são como vagas, no celeste mar trépido
nas noites escuras, alumia-no de formosura,
assim como o sol, ao dia, como fogo intrépido.

Eis que surge a aurora e a luz do sol captura
que faz vagar seus raios quentes, em séquito
aos lumes da lua, que na noite se enclausura

Do ciúme, entre estrelas, lua e sol, implícito
Da inveja d’um vagulume em poesia pura
Inverto vicioso círculo em amor explícito. 

Texto-fonte: Círculo Vicioso
Obra Completa, Machado de Assis, vol. III,
Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994.
Publicado originalmente em Poesias Completas, Rio de Janeiro: Garnier, 1901.

terça-feira, 12 de junho de 2012

A SAGA DE UM PEDRO - AMOR E LUTA TRAÇANDO DESTINOS


APRESENTAÇÃO

A Saga de um Pedro – Amor e luta traçando destinos - é uma narrativa envolvente e emocionante, que se desenrola em torno de personagens de existências reais, mas que às vezes assume características peculiares de enredo ficcional, pelas tão intensas relações de convívio do protagonista com o seu mundo, por sua luta árdua e incansável, pela sua sobrevivência e dos seus, as quais influenciaram tanto os seus comportamentos.

O autor Carlos Lopes muniu-se de elementos de uma extensa pesquisa genealógica, que fez durante anos e que combinados à sua sensibilidade, reproduziu lugares, imagens, sons, ritmos e movimentos que por si sugerem a realidade de cada cenário, de cada cena da vida real, trazendo significados aos sonhos, à ilusão e à realidade da vida de homem.

O texto assume uma forma muito interessante, pois embora seja tratado pelo autor como uma biografia, é narrado em primeira pessoa, numa clara alusão de que o próprio protagonista da história, o Senhor José dos Santos Gonçalves, o esteja narrando. É uma maneira inusitada e criativa, que dá a exata dimensão da proximidade do autor com a história, do conhecimento com riqueza de detalhes e até da intimidade com os sentimentos do protagonista. O livro tem um outro aspecto também muito interessante, quando nos deparamos com capítulos, que bem poderiam ser crônicas avulsas, com sentido completo, no entanto, se complementam, numa seqüência lógica, brilhantemente conduzida na linha do tempo. É permeado de diálogos curtos, conduzidos sempre pelo autor com o cuidado de preservar a linguagem regional, guardando a simplicidade de cada personagem.

A história vivida em várias regiões do país e cujo enredo se desenvolve a partir da infância do Senhor José, que apesar do susto inicial e do estigma de maldade associado às suas traquinagens, muda o seu conceito e iniciando-se assim um novo ciclo de aprendizados, que o levaram aos valores verdadeiros do bem, que vão sendo delineados a cada nova descoberta, a cada nova aventura, à medida que a vida lhe ensinava a entender a importância do amor, da família, amizade, da solidariedade.

E em perfeita sintonia, muitas vezes como personagem da história, Carlos Lopes, soube com maestria, demonstrar em sua carinhosa homenagem ao seu pai, além de respeito por sua luta pela vida, que o verdadeiro amor pela família, a cumplicidade e tolerância da esposa e dos filhos, foram determinantes para traçar-lhe o destino, o que hoje garante a ele a tranquilidade junto aos seus.

Sinto-me privilegiada e honrada pelo convite para apresentar esta obra, o que me atribui a enorme responsabilidade de passar com fidelidade, o que pude sentir de emoção, ao acompanhar linha a linha, a saga de um Pedro, retratada pela rara percepção de seu filho, o autor e amigo, Carlos Lopes.

Celêdian Assis de Sousa
Belo Horizonte – MG

O livro encontra-se à venda no site do escritor Carlos Lopes: 
http://gandavos.blogspot.com

quarta-feira, 23 de maio de 2012

OLHARES CONTRASTANTES

Foto by Celêdian Assis - Vista da minha janela - Piracema/MG - Maio 2012



Há uma incontrastável frieza
Nos opacos matizes da brumas
De um inverno gélido e inexaurível
Instalado súbita e sorrateiramente
nos ares mornos de um outono invisível.

Há incúria em um olhar perdido
Em uma indevassável sensação
De ser dissoluto o pensamento
que a névoa ousou embotar-lhe
naquele indefinível momento.

Mas eis que há a alma resiliente
(ao inverno que se instalou breve)
que repara com o olhar agora atento,
na mais outonal expressão,
nos sentidos, o renascimento.

E no mais contrastante sentimento
brotando do cerne, um calor latente,
dissiparam-se os nevoeiros diáfanos,
que esparsos diluíram-se aos olhos
tornando inefável, a orgia da mente.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

POEMINHA PARA UM ESPLÊNDIDO CREPÚSCULO

Foto by Joel Gomes Teixeira - Irati - Paraná - Brasil

Na ourivesaria da natureza

desenha-se a joia mais rara,

no crepúsculo que vejo,

no céu de ouro ornado,

no contraste esverdeado,

da mata em esmeralda,

onde contemplo extasiada,

o fim de um dia iluminado.

É a jóia mais rica talhada,

pelos dedos do hábil Ouvires

em sua obra encantada. 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

FAMÍLIA – A ÁRVORE DA VIDA

Foto by Celêdian Assis - Jardins da PUC Minas - Contagem - 2011


Um solo virgem, que regado por águas,
da nascente da esperança, torná-se fértil,
para receber sementes, dos frutos do amor.

Plantadas com fé, criando as raízes,
que sorvem do solo, a seiva da vida
e projetam à luz, o caule ainda frágil.

E ele cresce forte, com o ar que respira,
com a luz, os sais e água que absorve,
resistindo aos ventos e às chuvas torrenciais.

Origina os galhos e os lança ao mundo.
Recobrindo-lhes de folhas, tornando espessa a copa
e que às vezes caem, pela força das estações.

E ela oferta as sombras, como suaves carinhos.
Protegendo seus galhos, nutrindo o solo,
alimentando as raízes, da seiva forte que elaborou.

Os galhos prosperam e gestam flores e frutos
e eles engravidam de outras sementes,
que em ciclos perfeitos, renovam a vida.

Solo irrigado de esperança, de raízes profundas do afeto, 
de caule e galhos fortes, como seios que sustentam,
de folhas que protegem, de frutos sãos, maduros e fartos,
que crescem em segurança e fecundam as sementes,
nasce como a árvore mais frondosa, a família, 
que  perpetua-se, como a árvore da vida. 

Este poema foi escrito para a roda de interação proposta por Norma Emiliano, do blog: http://pensandoemfamilia.com.br/blog/  
como forma de demonstrar o apreço à instituição Família, por ocasião da comemoração do DIA DA FAMÍLIA, que se celebra em 15 de maio. 

domingo, 29 de abril de 2012

TRIBUTO AO AMIGO JOSÉ CLÁUDIO - CACÁ

Pico de Itabira - MG (imagem Google)

A cidade de ferro, cidade da poesia,
Do tupi, Ita, pedra e bira, que brilha,
A Itabira gerou Drumond e a alegria,
Moldou José Cláudio, em igual trilha.

De José Felipe e de Dona Maria Delfina,
O filho herdou o José, também  o Adão,
Da prole, oito irmãos, a família genuína,
Amor e filhas, forças de sua emoção.

Em todas as suas andanças, peregrinação,
Viveu em Mariana, nossas Minas tão Gerais,
Sonhou sonhos que eram só seus, a ilusão,
De resgastar a aura romantica dos festivais.

Em suas buscas, no Horizonte Belo aportou,
Na sua rica história, muitas mazelas e alegria,
Desacertos, tombos e muitas vitórias somou,
Das pedras no caminho, degraus para alforria.

Homem de ferro, espírito forte e de vontade,
Doce homem da poesia, o amigo tão sensato,
Doa-nos a beleza d’alma, com a simplicidade,
Retrata o dia a dia, na prosa o talento nato.

Espiritualidade, coerência e a consciência,
Esteios do seu ético e fiel comportamento,
Merece de todos o respeito, pela decência,
Todo sucesso na vida é seu merecimento.

*Todo o meu carinho e amizade a você, Zé.
Celêdian Assis