domingo, 17 de julho de 2011

ENTRE VIDA E POESIA

Entre brilhos diáfanos das sombras,
mesmo na suposta opacidade delas,
que escondem as agruras do cotidiano,
aos olhos do poeta, no limite do homem
desenham-se palavras entre espaços,
na linguagem feita de suas escolhas,
em pequenos atos, gestos de ternura,
sem melancolia pelos silêncios e ecos,
mas aguçados pela consciência deles,
ouvidos apenas num ponto imaginário,
num cume, no qual se almeja, ver ao longe,
além de outros pontos, a real coexistência
de lugares e momentos, mágicos e únicos,
onde as sombras falem do sol dos caminhos
e os ventos livres soprem as aragens mornas,
como carícias leves, sussurros de brisa cálida,
esboçando sons tão sutis e ainda dispersos,
onde se supõe, tudo se renova e se apagam
os reticentes pontos de uma vaga existência,
das linhas frias que o destino vai traçando,
deixando entrever caminhos que seguem adiante,
que ora se entrecortam, ora desviam-se os rumos
e ainda que sejam linhas sulcadas na palma clara,
são vias, esses percursos sempre surpreendentes
sabiamente, revelados pelo destino, passo a passo,
que apenas com simplic(idade) e matur(idade)
sagac(idade), seren(idade) e sensibilid(idade)
desvenda-se no poeta, os olhos do homem
quando ele vive a sua maior luminos(Idade).

Nota: esta prosa poética é uma miscelânea da leitura que fiz de poemas do poeta Henrique Mendes (http://etletera.blogspot.com)