sábado, 11 de dezembro de 2010

REFLEXOS E REFLEXÕES

Sou eu entre os reflexos - BH 10/12/10


O espelho tal uma lâmina d'água,
Só reflete o que à superfície se apresenta,
A todo momento me indaga do interior,
Quais as imagens terei furtado dele.

Talvez não as tenha retido, enfim,
Quem sabe ainda não as construí.
São tão várias as minhas indagações,
Mil espelhos não poderiam refletir.

Há um vidro inerte para confundir.
Se sou eu do outro lado do espelho,
Diviso-me, tento adivinhar-me,
Mas não me traduzo em gestos,
A imagem não pode reproduzir.

Tamanha inércia faz refletir,
No frio vidro que me espia,
Impassível, sei que espera,
que um gesto meu denuncie,
segredados desejos em mim.
Talvez meus sonhos guardados,
Das histórias que não vivi.

ELUCIDAÇÕES

Piracema - setembro 2010 - foto by Celêdian


Como riacho de águas límpidas, de pedras enlameadas de limo,
Fazendo-se caminho de escorrer e de escorregar – a vida faz-se,
Trilha estreita, alcatifa, com pedras lodosas ocultas, que tropeço,
Às vezes caio, machuca-me a queda, levanto, refaço-me e sigo.

Ainda que cambaleante tal bêbada, com as minhas incoerências,
Vejo na liquidez da água, a efemeridade do tempo e esvaindo-se,
No vão da superfície, esconde das pedras, o mais sutil propósito:
Necessárias pausas, aprendizados para nossa alma bruta lapidar.

No afã de apurar as escolhas, entre meandros, busco onde pisar,
Vislumbro nas pedras lodosas, não obstáculos, tão somente rumos,
Para o meu ser, como água do riacho, fluir mansamente e deixar,
Incidir-se os raios de luz e de reflexos puros, minh’alma iluminar.

sábado, 4 de dezembro de 2010

LABAREDAS

Labaredas - imagem Google
Incendiada a lenha aos poucos,
projetando as altas labaredas,
lambidas pelo vento, dançam,
em seus mágicos movimentos,
produzindo cores vibrantes,
exalando da madeira, os odores,
até que se extinga o fogo
e as brasas morram lentamente,
em pó e flocos cinzentos.

Assisto a vida do fogo atenta
e associo em breve loucura:
ora, paixão é como fogueira!
Ardem os corpos incendiados,
de prazer lambendo a pele,
na dança de todos os ritmos,
com cores nos olhos, brilhantes,
dos corpos, cheiros inebriantes,
até que se extinga o fogo
e as brasas incandescentes,
cedam lugar ao pó e às cinzas,
que se espalham com o vento.