domingo, 29 de maio de 2011

SIMPLICIDADE E PERFEIÇÃO

Acordo, preguiça domingueira,
abro a velha janela de madeira,
deixo adentrar a luz do sol,
desta manhã fria outonal.
Ignorando a estação,
surpreendentemente florida,
a goiabeira no quintal.


Piracema, maio de 2010, fotos por Celêdian


Não bastasse esta visão,
pousado no galho, garboso,
um negro e belo tucano,
de bico colorido sem igual.
Olhou-me inquieto,
alçou um rápido voo,
para o verde bambuzal,
coberto de azul céu.
Longe vigia a montanha,
a simplicidade na mistura,
das cores da liberdade,
beleza tão natural.

Sorrindo, feliz eu penso,

a vida é a arte da perfeição.

terça-feira, 24 de maio de 2011

UM PRESENTE INESTIMÁVEL

POETA, FILHA DAS GERAIS
(dedicado à Celêdian Assis)

Erguem-se montanhas
Nos verdes dos teus versos
Erguem-se paisagens matinais
E também noturnas
De estrelas
De madrigais
E da luz natural as farturas
Iluminando o comboio da poesia
Ó, poeta, filha das Gerais
Mulher e poeta em um só corpo poético
Em tudo imagético
Magnético
Poeta de verdes, amarelos e anis
De loiras bandeiras do teu país
Versos desfraldados correm os campos gerais
De lado a lado
Cobertos da rendada neblina
Filó de babado de vestidos de menina
Teus olhos correm além dos cumes
Teus olhos feitos
De ternura e doces ciúmes
Ciúmes das estrofes que são tuas
Correndo pelos campos de flores
Inteiramente nuas
Na cor da pele
Na tez levemente morena
No cheiro das açucenas
E no vento brincando em tuas faces
És poeta maior
Não disfarces
Toma teu poema
Cobre com ele o teu dilema
Poeta de dimensões incalculáveis
Poeta dos imagináveis
E dos inimagináveis
Poeta cujo sublime canto
É feito só de ouro e prata
De pedras preciosas
Do mais caro diamante
Poeta que mina das minas a mais inflamada poesia
Poeta feita de amor
De encanto e de magia

Tânia Meneses
Publicado no Recanto das Letras em 21/07/2010
Código do texto: T2390207
http://www.recantodasletras.com.br/autores/taniamcmeneses

Meu agradecimento: Tânia, minha estimada amiga e poeta de primeira grandeza, aqui me posto beijando as suas mãos carinhosa e agradecidamente, honrada e emocionadamente, por esta poesia que nasceu de uma gestação sobre a sua leitura, muito mais do que meus textos, da minha alma, da minha essência. Você colocou lindamente, a menina, a mulher e a poeta que existem em mim, a minha origem simples de gente que veio do interior, das montanhas de Minas, o meu chão, o meu lar e de onde surgiu o meu olhar de simplicidade para as pessoas e as coisas que me rodeiam. De onde nasceu o meu amor pela poesia e que fizeram deste amor, a minha realização hoje, pois hoje vivo da intensidade das minhas emoções, vividas entre outras coisas, pela felicidade de estar rodeada de gente da mais fina casta de poetas e ainda poder desfrutar-lhes da amizade sincera. Você , Taninha, eu ostento orgulhosamente, como troféu desta amizade, desta conquista que torna meus dias indubitavelmente melhores. Quanto a poeta Tânia Menezes, só posso traduzi-la em poucas palavras, você é a própria poesia. São como partes inseparáveis, interdependentes e como tal, desta relação só poderia nascer a excelência. Suas palavras são suas pernas, seus versos os seus braços, seus poemas coração e alma e no todo você é pura poesia. Obrigada, por este texto indizivelmente belo! Te amo, pessoa linda! Um beijo, de dentro do meu coração.
Celêdian

quarta-feira, 18 de maio de 2011

CASULOS

Casulo da seda - imagem Google

Às vezes há um bicho que desentranha-se.
Desentranha-se do ser um bicho, às vezes,
como a larva que eclode do ovo da mariposa,
tal lagarta, colhe do verde das folhas, sustento.
Ainda camuflada, tão indefesa, tão inocente,
precisa de tempo para que amareleça, amadureça,
para que as intempéries, a frieza não a mate e
renasça crisálida forte, capaz de segregar
o casulo da sua própria existência
e metamorfoseando buscar sobrevivência.
Como o imago, recomeçar um ciclo,
para que nunca se extinga a fina seda,
nem a magia do tecido fino dos sonhos,
que no casulo criam, o bicho e o ser,
cada qual no seu tempo de aprender a viver.

************************************************************************************
*Ciclo do bicho da seda: ovo da mariposa – estágios de larva - crisálida (lagarta) – imago (adulto) – casulo (usado na produção de fios de seda).

domingo, 15 de maio de 2011

EDIFICAÇÃO

Piracema - maio 2o11 - foto por Celêdian

Arquitetada a obra
Terreno preparado
Recebe o alicerce
Superpostos tijolos
Erguem-se paredes fortes
Construção, edifício
Grávida de ideias
Preparada a pena
Alicerce de emoção
Sobrepostas palavras
Erguem-se versos intensos
Edificação, poesia

quarta-feira, 11 de maio de 2011

GARIMPAGEM

Imagem Google


Nas minas garimpo
Intransigentes saudades
De escavadas lembranças
Brilhantes na mente
D’ouro e diamantes
Incrustados nas rochas
Das adolescentes memórias
Na bateia diviso
Das ricas pedras, apuro
O cerne, a essência
Essencialmente, gema
Da terra bruta, o prolixo
Saldo de incertezas
Da breve proeza
Projetada em vida

quarta-feira, 4 de maio de 2011

TRANSUBSTANCIAÇÃO

Imagem Google



Sou raiz
Fixada profundamente no chão
Base do caule que cresce
Sustento das folhas e flores
Dos frutos que saciarão
Fixo meus pensamentos
Profundamente no coração
Base do sentimento que cresce
Sustento da dor e da alegria
Dos frutos que nutrem a emoção

Sou caule
Tronco forte erguido do solo
Seiva em minhas artérias e veias
Injetadas, correndo sangue da vida
Meus galhos balouçam ao vento
Envergam-se em busca de luz
Resistem bravos às tempestades
Na busca do alimento da alma
Oxigênio que aspiro, tal folhas
Essência dos meus pensamentos

Aspirando e inspirando
Respiro, apuro e depuro
Extraio da lógica, toda a razão
Energizada, latente, sobrevivente
Pulsa a vida entre razão e emoção
Tal planta, ser vivo, sou viva
Acrescida de alma, mente e coração