quinta-feira, 21 de abril de 2011

ECOS DAS INQUIETUDES

Vista de minha varanda para as montanhas de Piracema - Minas Gerais


Um grito mudo, rompendo a surdez do vento,
alcança os ouvidos das longínquas montanhas.
O eco surdo rompe a mudez do pensamento,
libertando dores encarceradas nas entranhas.

Atordoada a mente, ouve da alma o lamento,
como cantigas desafinadas, soando estranhas,
no elo perdido entre memórias e esquecimento,
Contemplo o som dos ecos em suas artimanhas.

Do olhar do qual ora me invisto, ora me isento,
para as cores cinzentas do reflexo das sanhas,
contrastam tons esmaecidos de um momento,

que, mais amenos tingem as dores tamanhas.
Busco a paz nas cores e sons e em tal intento,
faço minha cúmplice a quietude das montanhas.

terça-feira, 19 de abril de 2011

POEMA CONVEXO

Ensaio uma construção complexa
Em ousada e desconexa alteração
Exigindo a mera explicação anexa
Excluindo-se perplexa aceitação

Das palavras, a acepção desanexo
Da progressão exata, a gradação
Do poeta em abstração, perplexo
Do exercício complexo, aliteração

Imagens confusas da ação, reflexo
Incidindo anexo na apresentação
Inusitada adaptação com nexo
Irrompendo do plexo da criação

A leitura de assimilação complexa
Apenas poesia, com anexa ilação
Às vezes parece criação sem nexo
À pena do poeta, só reflexo da inspiração

quarta-feira, 13 de abril de 2011

SORVEDOURO


Imagem Google: O mito da caixa de Pandora faz alusão à origem dos males que permeiam o mundo.




Há dias e dias assim: secura insofismável,
De sede insopitável, anseios, desejos, sonhos...
Com um calor que emana da terra árida,
Como magma seco espalhado, sempre vivo,
Como espessa relva seca, sedenta de fertilidade,
Como se Deméter a tivesse abandonado,
Do Olimpo se retirado indignada,
De tristeza tomada, privada de colher e alimentar
Os filhos da terra, tal como sua filha Perséfone,
Até que Zeus implorasse em desejo ardente, pela seara.
Arma-se a tempestade, enegrecido o firmamento,
Projetando seus raios e trovões, remexe as entranhas,
Em inopinado movimento, abrem-se rachaduras,
Sôfregas por sorver fluidos de nimbus carregados,
E transformá-los em líquidos da ressurreição.
Em comunhão, céu e terra, coração e mente,
Esperam ávidos de renovação, os dias férteis,
Que façam nascer, vomitar, como Cronos,
Os filhos de Réia devorados, para então deuses,
De suas próprias vontades, amparados por Gaia
Dividam o universo e retomem seus dias,
Com a esperança que restou na caixa,
Depois de espalhados todos os males,
Que ressequiram a terra, deixaram em fogo,
O espírito dos homens, sequiosos,
Sempre inquietos, com eternas indagações.


***Mitologia: Zeus é o rei dos deuses, soberano do Monte Olimpo e deus do céu e do trovão. Zeus Cronida, tempestuoso, era filho de Cronos e Reia, o mais novo dos seis irmãos. Os outros cinco irmãos foram devorados pelo pai Cronos e quando Zeus, que fora salvo (de ser devorado) pela mãe Reia, com a ajuda de Gaia (a terra). Se tornou adulto, ofereceu ao pai uma bebida e fez com que Cronos vomitasse todos os seus irmãos (Hera, Hades, Poseidon, Héstia e Demeter).


Deméter, a deusa da fertilidade, dos cereais, mãe nutridora, irmã de Zeus e também sua quarta esposa, com quem teve uma filha, Perséfone. Esta raptada por Hades, deixou Deméter indignada, ela então abandonou o Olimpo por nove dias. Nada mais poderia nascer ali, até que Zeus implorou pela sua volta, para devolver a fertilidade para o Olimpo, com o que ela concorda somente sob a condição de ter Perséfone de volta. Após uma guerra de cem anos e orientados por Gaia, o universo é dividido entre os deuses: Então partilhou-se o universo, Zeus ficou com o céu e a Terra, Poseidon ficou com os oceanos e Hades ficou com o mundo dos mortos.


*A caixa de Pandora, é um mito grego no qual a existência da mulher e dos vários males do mundo são explicados. Na mitologia grega Pandora foi a primeira mulher dada como uma oferenda à humanidade por Zeus como uma punição pelo roubo do fogo feito por Prometheus. Foi confiada a ela uma caixa contendo todas as adversidades que poderiam afligir as pessoas. Ela abriu a caixa por curiosidade e, consequentemente, libertou todos os males da vida humana. Logo percebendo o erro que cometera, Pandora se apressou em fechar a caixa. Com isso, ela conseguiu preservar o único dom positivo que fora depositado naquele recipiente: a esperança.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

ESSÊNCIA FEMININA

Hortênsias de cores e aromas especiais - Piracema - Foto por Celêdian



Mulher é um ser tão diferente
Tão forte na sua fragilidade
Tão frágil na sua fortaleza
Triste se esvai em lágrimas
Na alegria em prantos iguais
Ama com a força da alma
Intensa se entrega forte
Agasalha, aninha, protege
Despe-se de si e se doa
Com igual simplicidade
Veste-se e ousa pedir
Sabe que quer carinho
Afeto, ternura, amor...
Entende da sutil diferença
Entre o amor e o querer
Se preterida, sofre sua dor
Querida, ama desvairada
A mulher mãe é toda pura
É feliz por pouco
Sorriso de filho, apogeu
Felicidade tamanha, ímpar

Que seja a mulher vista
Feminina, erótica e louca
Que almeja não ser a santa
Sonha, fantasia, deseja
Espera, se guarda, se poupa
Acredita, perdoa, às vezes grita
Compreendida, se agiganta
E se não, retrai-se, recua
Tímida, acuada, com pudor
De súbito reergue-se, forte
Altiva, nobre, é força do afeto
Mulheres diversas, mulheres mil
Bravas e mansas, fortes e fracas
Bonitas e feias, amargas e doces
Amadas ou não, novas e velhas
Vaidosas ou sem viço
A mãe, a filha, esposa ou amante
Namorada ou amiga
São todas tão únicas, tão belas
Indispensáveis, inigualáveis
Não importa esta ou aquela
São na essência apenas mulheres.