segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

ENTRE ÁGUAS E VENTOS

Na lâmina d’água que escorre límpida e calma entre sulcos da terra,
Quando desmaia exausta em rios e riachos, águas em altas quedas,
Despencadas da cachoeira, nos véus de espuma em alva opacidade,
Descortina-se a especular imagem, atônita a alma líquida se descerra.

Quem das águas sentiu, quiçá pode entender o movimento do vento,
Que ora varre quimeras, ora as espalha em outros fecundos terrenos,
Sente da aragem, rajadas lambendo a pele, sob ela a carne açoitada,
De desejos, fogo ardente, reacender brasas, sem cinzas, eis o intento.

Em brasas repousam corpo e alma e nas cinzas remanescentes, ilusão.
Ora, direis: - não é a água que escorre na superfície, um espelho vivo,
que deixa refletir os movimentos do vento? Não é vento que espalha,
cinzas e que deixa sequiosa a alma, de amor perene e incandescente?

Eis que entre águas e ventos, vertem-se em poesia, coração e mente.

Um comentário:

  1. Há tanto para se falar do que há entre a água e o vento...

    A água, que fecunda o chão e tão calma, ou não, vêm à superfície e nos dá de beber, num contraste atônito com o vento, que chega feito brisa, mas que pode promover devastação. E no meio de tudo, estamos nós, vendo o vento soprar a brasa e reacender o que estiver sob as cinzas.

    Perdão, Celêdian, mas é quase impossível ler-te e não ficar inspirado.

    Simplesmente fantástico. Adorei.

    Marcio

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