terça-feira, 18 de maio de 2010

ESTAÇÕES DA SOLIDÃO

Ruas já quase desertas
As árvores nuas, descrentes
É noite, os olhos úmidos
No quarto, a cama comporta
O corpo tal como folhas mortas
Espalhadas inertes pelo chão
Pálidas, rugosas, amarelecidas
Ele está vivo, não morre
Sonha que chegue o outono
Da sua renovação

Ruas desertas, assustadoras
Ventos sibilantes, cortantes
É noite e há névoa nos olhos
No quarto jaz numa cama fria
Um corpo só, debaixo do calor
Emanado apenas do cobertor
Ele não está morto, e, vivo
Sonha que finda o inverno
Da sua solidão

Ruas alegres, inundadas de luz
Temperatura amena, frescor
É noite, tênue luz nos olhos
No quarto, a cama como tapete
O corpo se anima com as flores
Cobrindo-lhe tal um jardim
Exalando perfumes de cravos
Ele não está morto, e, vivo
Sonha que chegue a primavera
Com cores e odores de vida

Ruas fervilhando de gente
Calor que espanta o sono
É noite, os olhos brilhantes
No quarto, na cama o corpo nu
O corpo quente, quase febril
Queimando as entranhas
Exaurindo de desejo sem fim
Ele está vivo, não morre
Sonha que chegue o verão
Que aqueça a sua esperança

Murcham as folhas de outono
Orvalham-nas o frio inverno
Enquanto esperam as flores
Que nascem na primavera
E chega o calor do verão
Na solidão de cada estação
Refaz-se a esperança
Da vida em renovação

BH 18/05/10

Um comentário:

  1. Sejam, as estações, solitárias; mas você, Celê querida...caminhará sempre com a minha eterna amizade ao teu lado! Um beijo do amigo Jorge, sempre contigo. Felicidades!

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