quarta-feira, 18 de maio de 2011

CASULOS

Casulo da seda - imagem Google

Às vezes há um bicho que desentranha-se.
Desentranha-se do ser um bicho, às vezes,
como a larva que eclode do ovo da mariposa,
tal lagarta, colhe do verde das folhas, sustento.
Ainda camuflada, tão indefesa, tão inocente,
precisa de tempo para que amareleça, amadureça,
para que as intempéries, a frieza não a mate e
renasça crisálida forte, capaz de segregar
o casulo da sua própria existência
e metamorfoseando buscar sobrevivência.
Como o imago, recomeçar um ciclo,
para que nunca se extinga a fina seda,
nem a magia do tecido fino dos sonhos,
que no casulo criam, o bicho e o ser,
cada qual no seu tempo de aprender a viver.

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*Ciclo do bicho da seda: ovo da mariposa – estágios de larva - crisálida (lagarta) – imago (adulto) – casulo (usado na produção de fios de seda).

13 comentários:

  1. O bicho só faz aquilo que a natureza designou. Mas faz com tanto afinco e precisão, com decisão intransferível e determinada que fico pensando o porquê de fazermos tanto tão às inconsequências. Precisamos de mais, é fato. Porém o nosso mais quase nunca é satisfeito pelas nossas vontades intermináveis, insaciáveis. Gostei demais, minha doce amiga! Meu abraço. paz e bem.

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  2. Pois é, o casulo .... invisível ou visível - ou ambos - e neles a gestação e a metamorfose. Belo post, Celina !
    De fato não consegui encontrar na web o blog da amiga que na viagem à Europa . Mas agradeço tua resposta e feliz pelo reencontro. Bjs do sul !

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  3. Oi minha linda,
    e que beleza esse tecer.
    Entendo tão bem essa metamorfose.
    Querida... Lindo, muito esse texto.
    Me deixei suavemente envolver nas palavras sábias de teu escrito.
    Que "no casulo criam, o bicho e o ser".

    Beijinho .
    Fernanda

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  4. sou uma metanorfose invertida
    onde minha boboleta se faz lagarta
    e me larga a vontade de ser
    num invento
    num intento
    desses meus largos pulsos
    desse impulso de florescer diverso
    inverno de se guardar no inverso
    do caos desse mundo lá fora
    lá tonto
    daquele estrondo que me ensurdece fora do peito
    meus ouvidos calados
    meus vícios e minha voz ensurdecida
    de tanto me recolher
    me encolher
    escolher ser meu, o casulo onde aguardo o pensamento germinar
    e guardo o próximo voo
    ou o próximo tecido que me aquecerá as têmporas que me latejam todas as noites
    em noites com sol.

    Que beleza teus versos, Celêdian.
    Meu carinho e admiração, querida
    Samara Bassi

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Teu és artesã do mundo
    Tua matéria prima é a simplicidade da vida
    As ferramentas, teus versos
    A beleza, tua obra.

    Abç com carinho!

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  7. Bom dia
    Um pensamento ligado aos bichos da seda e ao seu estilo de vida e de trabalho.
    Eles fazem uma parte do trabalho.
    Outra parte é feita por mãos humanas, outros bichos, que transformam toda a matéria prima.
    Agradeço a visita ao lidacoelho.

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  8. Quantas vezes me peguei pensando nas metamorfoses da vida, no recomeçar, no "encasular" novamente.

    Nenhum de nós está livre disso. E se é um processo natural para alguns animais, para nós nem tanto, pois é algo complexo todo esse processo. Ele é feito na alma. Talvez não o processo em si é que transpareça complexidade, mas o fato de nos depararmos com esta necessidade e, puramente, aceitá-la.

    Creio até que achei aqui duas obras magníficas, Celêdian. A sua e a da SAM, que buscou um contraponto fantástico, em alusão ao retorno às origens.

    A fina seda que nos reveste, não morre, nem se extingue. E ela tem um nome maravilhoso: ESSÊNCIA. Porém, parece que por vezes, a deixamos de lado, esquecida, ou pior, a pisamos e amarrotamos, e quando tentamos buscá-la, torna-se tudo muito difícil.

    A fina seda está aqui, em versos despidos de qualquer rudeza, de qualquer complexidade, mas recheados de uma sabedoria ímpar. Então, querida amiga, aceite os aplausos que deixo aqui novamente. Fantástico.

    Bjs, Celêdian. Lindo dia pra ti.

    Marcio

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  9. Que preciosa imagem nos deste, querida amiga Celêdian, ao nos narrar – e na forma poética da qual só tu tens o segredo – a magia da criação, da maturação e da transformação final do casulo de um bicho-da-seda. Uma cadeia de metamorfoses que culminam no vôo da mariposa e na blusa de seda da Primeira-Ministra.

    Paralelos e imagens que só uma poetisa de tua estirpe poderia desfiar, querida poetisa. Para o encanto supremo de teus leitores.

    Sublime, minha querida Celêdian, sublime. E aproveito para agradecer-te pelos ricos comentários que deixas aos meus modestos textos e que, após tuas visitas, ficam menos modestos depois.

    Um grande abraço, querida amiga, continua inspirada.

    André

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  10. Lentamente a vida se tece por aqui com esplendor.

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  11. Celêdia boa noite!
    Já comentei anteriormente nestes seus últimos textos.
    No entanto ( sabendo que você gosta de fotografias) entro aqui com carinho para lhe trazer pessoalmente ou seja "diretamente" um convite para que quando e se desejar acessar minha página onde lá postei um link a todos os amigos para dar uma olhada no meu novo blog de imagens.
    Aqui lhe deixo meu carinho e admiração de sempre!
    Um LINDO fim de semana para você!
    Lembranças.

    Ange.

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  12. Um dia, todos maturamos e abandonamos casulos; com sorte, belas asas surgem e voamos... mas, tendo a noção exata da fragilidade - dentro ou fora dos casulos, não importa - é que a descoberta do mundo se conclui na metamorfose do espírito. Beijo do amigo Jorge, saudade tua.

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