terça-feira, 19 de abril de 2011

POEMA CONVEXO

Ensaio uma construção complexa
Em ousada e desconexa alteração
Exigindo a mera explicação anexa
Excluindo-se perplexa aceitação

Das palavras, a acepção desanexo
Da progressão exata, a gradação
Do poeta em abstração, perplexo
Do exercício complexo, aliteração

Imagens confusas da ação, reflexo
Incidindo anexo na apresentação
Inusitada adaptação com nexo
Irrompendo do plexo da criação

A leitura de assimilação complexa
Apenas poesia, com anexa ilação
Às vezes parece criação sem nexo
À pena do poeta, só reflexo da inspiração

3 comentários:

  1. Lindissimo o reflexo que faz esta bela inspiração para nosso deleite.Fantastico amiga Celê.
    Uma bela Pascoa com um bju de luz nas suas belas inspirações.

    ResponderExcluir
  2. Minha querida Celêdian, grande poetisa,

    em quatro quartetos você nos dá uma aula de sonoridade e lógica poéticas em um texto que, na realidade, é em prosa. O artifício de utilizar a repetição prolongada de um ou duas rimas apenas, nos conduz a uma sensação de monotonia, de linearidade, mas que é, ao mesmo tempo, favorável ao raciocínio. Ou seja, ela exclue o supérfluo do essencial.

    É um texto em prosa, eu diria até, um texto técnico, pôsto que não contém construções de ordem poética. Mas o seu talento soube, através de rimas internas bicromáticas, criar o sentimento poético em um texto com imagens que eu diria, quase cubistas ("reflexo Incidindo anexo na apresentação...") para se desenlaçar (o sentimento) no dístico final "Às vezes parece criação sem nexo/ À pena do poeta, só reflexo da inspiração".

    Poesia, para mim, é expressão e sentimento, mas não menos pensamento lógico, coerência. Você utiliza (mais uma vez) termos da Física (Óptica) para tornar mais inteligível o discurso poético e o faz admiravelmente. Todos o seu texto é como um prisma e seus reflexos, a sua inspiração brilha aqui como um cristal convexo, uma lente saliente para a parte externa dela, que distorce a imagem, todavia, a partir da imagem ela mesma! ou seja, a imagem não se perde: meandra-se.

    Muito ainda poderia falar desse seu tão brilhante texto, cristalino, inteligente, mas contentar-me-ei apenas em lhe confessar: cara Celêdian, é um texto que eu gostaria de ter escrito.

    Minha querida poetisa, minha admiração pela beleza e expressividade de seus textos começa a perder os limites dela...

    Um grande abraço, e obrigado pelos seus generososos comentários, eles sempre acrescentam às minhas letras, sempre tão singelas.


    André

    ResponderExcluir
  3. E talvez a maior verdade sobre a poesia está contida em seus versos.

    Uma criação por vezes desordenada, longe de ser parida sob óticas métricas, tão somente poesia, independente de qualquer outra coisa, tão inerente à pena. Apenas reflexo da inspiração, o elo entre a palavra, o poeta e a razão(seja ela qual for).

    Porém, sequer me arrisco a ler esta belíssima obra em voz alta, ou precisaria de um fonoaudiólogo para desatar o nó que daria na minha língua.

    Celêdian, cara poetisa, cara amiga. Versos construídos de forma magistral. Abraços, minha amiga.

    Marcio

    ResponderExcluir

Obrigada pela tua presença. Sinta-se à vontade, comente. Por gentileza, identifique-se. Seja bem vindo!