segunda-feira, 28 de março de 2011

RETROALIMENTAÇÃO

Planta que sobrevive à seca, às custas de seus reservatórios de água e sais - Piracema -03/11 - Foto by Celêdian

Na página alva e viva

Derramo cristais

Que escorrem dos olhos

Em vã tentativa

De torná-la brilhante

Quebrando angústias

Tento borrá-la

Com versos azuis

Mesmo dispersos

Sejam impressos

Como mata borrão

Que suga palavras

Da alma inquieta

Sem inspiração.


Na página branca

Rolam e em fuga

Espatifam-se no chão

Rompem-se vértices

Das lágrimas de cristais

Sorvidas pelo solo

Tornam-se seiva dos sais

Realimentam o poeta

Que faz brotar em poesia

A remição de seus ais

11 comentários:

  1. Celêdian,

    Parabéns pelo seu poema - "Retroalimentação" -, e por este belo desfecho:

    "Das lágrimas de cristais
    Sorvidas pelo solo
    Tornam-se seiva dos sais
    Realimentam o poeta
    Que faz brotar em poesia
    A remição de seus ais"

    Abraços,
    Pedro.

    ResponderExcluir
  2. Minha querida Celêdian,

    seu belo poema me encantou sobretudo pela imagem das lágrimas de cristal. Momento úmido de criação literária, manuscrita, letras borradas pela angústia da alma em buscar, debalde, inspiração.

    Imagem ainda mais bela, quando a angústida de um momento tão crucial e duro para todo aquele que se alimenta da própria criação, transforma-se em nascente real e fertiliza o solo. É quando dá-se a remissão, senão a transubstanciação de sua dor e que o realimenta.

    Coisa curiosa, amiga poeta, no mesmo dia publicamos, nós dois, poemas falando de páginas em branco: você, com esse seu magistral, e eu com um modestíssimo tanka. A criação esteve no ar, quer queiramos ou não.

    Oportuna a foto da agave americana, ela ilustra maravilhosamente bem os seus versos. Minha admiração à sua poesia cresce a cada poema seu que leio. Aproveito para lhe agradeecr os comentários sempre pertinentes e gentis para com as minhas palavras.

    Um grande abraço, querida amiga Celêdian, e um bom dia para você.

    André

    ResponderExcluir
  3. Seríamos felizes em nossas poesias sem nossos "ais"? São deles as agudas estocadas que fazem verter as lágrimas, as dores e os odores que alimentam a alma e, posteriormente, a inspiração.

    Tristes versos nascem do mesmo lugar que os versos de amor. O horror, a dor e a alegria, bem como a paixão, o ódio e a angústia, têm a mesma fonte. Vêm todos do mesmo lugar e se alimentam da necessidade do poeta em verter versos, em externar sentimentos (nem sempre verdadeiros).

    Então, é verdade que o poeta é um fingidor? Pode até ser, mas sem isso, que essência carregaríamos em nossos versos?

    Minha cara Celêdian, adoro passar por aqui. Seus versos e escritos sempre me inspiram a "filosofar" um pouco. Saio daqui sempre com a alma e a inspiração renovada. E quão maravilhoso é ter a tua presença lá nos meus escritos. Sou grato por suas palavras sempre carinhosas ara com meus textos.

    Abraços, Celêdian.

    Marcio

    ResponderExcluir
  4. A página ou a tela em branco é um desafio para o poeta.Muitas vezes ele empaca, noutras sai-se bem, como neste poema.
    Obrigado pela visita a meu blog. Seja, sempre, bem-vinda.

    Abs.

    Ricardo Mainieri

    ResponderExcluir
  5. Boa noite Celêdian!
    Lindo mesmo suas inspirações! ,Assim bela é esta intensidade que você dar as palavras.
    Realmente, palavras que sem dúvidas são alimentos não unicamente para o poeta, mas para qualquer um com um pouco de sensibilidade para apreciar versos assim belos.
    Que suas inspirações jamais rolem e espatifem-se no chão...mas sim que elas rolem e espatifem aqui no papel...
    Minha admiração!
    Linda noite!
    Lembranças.

    ResponderExcluir
  6. MOTO-CONTÍNUO LITERÁRIO
    A movimentação perpétua da cabeça-coração não deixa nunca a retroalimentação lhe faltar para que nós, do lado de cá nos deleitemos com sua poesia sempre delicada e muito bela. Um abraço grande, querida Celêdian! Paz e bem.

    ResponderExcluir
  7. Muito bom te encontrar aqui, Celêdian! Eu tb estou aderindo à mania dos Blogs, ou melhor, retornando, pois há cinco anos que deletei o meu e agora decidi retomar as atividades de blogueira.
    Teu espaço é lindo e já estou te seguindo. Beijos

    ResponderExcluir
  8. Bom dia, Celêdian!
    Obrigado pelas belas palavras que deixou em meu (nosso) blog. Fiquei emocionado e feliz. É uma dávida escrever mensagens que motivam as pessoas. Aceite meu abraço, Carlos Morandi.

    ResponderExcluir
  9. Olá, Celêdian, hoje vim conhecer mais teu blog e me detive um pouco mais em teus lindos poemas.

    Aproveito para agradecer tua visita sempre bem-vinda.
    Um beijo pra você.

    Tais Luso

    ResponderExcluir
  10. Um poema que, ao mesmo tempo que encanta, ewsclarece... Não conhecia essa planta, gostei! Bjks, Milla

    ResponderExcluir
  11. Só quem já enfrentou a vastidão imensa duma página vazia, em branco, entende como pode ser atingida uma espécie de remissão ao completar com poesia - e preencher com ela - todos os espaços deixados em aberto no mundo emocional em que nos movimentamos.
    E como daí advém uma espécie de energia que nos alimenta e sustém erguidos até a manifestação das nossas escolhas.Muito bom. Parabéns.Abraço.Henrique

    ResponderExcluir

Obrigada pela tua presença. Sinta-se à vontade, comente. Por gentileza, identifique-se. Seja bem vindo!