domingo, 11 de janeiro de 2015

SER POETA (Por Celêdian Assis)

Ouçam a bela interpretação do poema, na voz do Poeta do Deserto, Felipe Padilha de Freitas e de sua esposa Iza
http://www.opoetadodeserto.recantodasletras.com.br/audio.php?cod=54841


SER POETA

Protagonista do mundo, espectador da vida,
um deserto abstrato de um mundo concreto,
de onde lágrimas vertem pela própria sina,
do poço dos olhos da alma, casa e guarida,

de suas dores, lamentos, chagas e feridas
cicatrizadas, na pele de suas puras certezas,
que vestem seus versos de rumos incertos,
e traja de amor e poesia, as mazelas vividas.

Espectador do mundo e da vida protagonista,
eis que se transforma um raro ser, em poeta,
pois é da sua luz e sabedoria que se investe,
que se estimula e que lhe ordena, vá, persista!

Sim, vá, persevere, creia, crie e sempre insista,
Na beleza da paz, na paz da mais pura poesia,
E serás alento, serás caminho, serás a magia,
No mundo concreto de perfeita harmonia.

(Por Celêdian Assis - 29/03/13)

Nota: este poema foi dedicado ao meu amigo Poeta do Deserto, por ocasião de seu aniversário e que ele me retribuiu como um delicioso presente, interpretando-o junto a minha amiga Iza, num belíssimo dueto de vozes. Obrigada meus queridos. Amo vocês. 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

FELIZ NATAL COM CHEIRO DE MAÇÃS

               Imagem Google

Dezembros chegam sempre iluminados,
ainda com resquícios das cores de primavera,
exalando perfumes de inocência, de infância.
E é quando sinto, inebriada, um gosto de Natal.
Ainda em tenra idade, na terra em que eu nascera,
onde tudo era novidade, meu saudoso pai
me  trazia de presente, maçãs, da capital,
envoltas em roxo papel, emanavam ao longe
um cheiro adocicado, tão peculiar, tão especial!
Natais chegam sempre assim, com cheiro de maçãs
Impregnou-se em mim com um cheiro de sentimento,
uma fragrância de saudade,  com gosto de esperança.
Não vejo mais maçãs como aquelas da minha infância,
nem espero mais o meu pai desembarcar na velha jardineira,
trazendo nas mãos aqueles sacos pardos, de pães e maçãs,
mas espero em todos os dezembros, que venham outros cheiros,
que se entranhem em minha alma e perdurem como lembranças,
de um tempo de paz, de serenidade, de harmonia e confiança,
outros natais com o cheiro das maçãs, que me ensinaram
o valor da simplicidade de um gesto de agradar,
e só para dizer que amor verdadeiro é a sutil arte de cuidar.



Eu desejo a todos os meus queridos(as) amigos(as) um verdadeiro Natal com o cheiro das maçãs e com todos os sentimentos que despertaram em mim.  
Celêdian Assis

quarta-feira, 19 de março de 2014

RELEASE DA OBRA NEUSINHA BRIZOLA SEM MINTCHURA

RELEASE 
NEUSINHA BRIZOLA SEM MINTCHURA
Por CELÊDIAN ASSIS DE SOUSA
Revisora da obra pela Interface Olympus Editora - BH/MG

A Interface Olympus apresenta em uma primorosa edição, a obra Neusinha Brizola sem Mintchura, biografia de Neusinha Brizola, autorizada pelos seus filhos, Layla e Paulo César, idealizada a partir do encontro dos autores Fábio Fabrício Fabretti e Lucas Nobre com a mesma, na década de 80 e segundo Fábio, “Foi nosso grande encontro, naquela tarde de sol e de Neusinha...”. Uma história de uma vida curta (56 anos apenas), mas muito conturbada, recheada com o espírito livre e contestador da polêmica e irreverente Neusinha, que não se acanhava de dizer “Eu adoro um escândalo e daí?”

Alguns fatos eram de conhecimento público, alardeados pela mídia da época, mas não como são revelados nessa obra, com riqueza de detalhes reais e inéditos, em surpreendente relato íntimo, das experiências vividas por ela nos bastidores da política, em sua história pessoal de amores e dissabores. São depoimentos estarrecedores, inusitados, recolhidos pelos autores, diretamente de Neusinha, que lhes revelou, natural e minuciosamente, as mais “Escandalosas confissões da mais polêmica filha de um governador, que chocaram o Brasil”, quem desde a infância já se anunciava travessa, “Eu me esbaldava nas viagens que fazíamos pelo Brasil, em campanhas. Eram como férias. Ainda guardo na memória a imagem do meu pai alto e sério, gesticulando imperialmente no palanque. E minha mãe, esguia e sorridente, acompanhando-o. Eu, abobalhada, cumpria o meu papel da filha fofinha, sem sonhar que me transformaria um dia no terror da família!”. Em outra passagem quando estudava em um internato na Inglaterra ela conta que: “Na escola, criança, eu levantava a saia na frente dos meninos, para mostrar que era diferente deles. Também fazia isso diante das professoras, para ver a cara de horror delas.” Em certo momento de sua vida, já madura, reconhece que, “Não penso no futuro, mas também não sofro pelo passado, só conto com o presente, sem arrependimentos. Tudo o que vivi me tornou o que sou hoje.”

A obra conta ainda com fotos autênticas e uma gama de depoimentos de familiares, amigos, muitos artistas, políticos, entre outros que conviveram com ela, que revelam uma Neusinha desconhecida de muitos, uma personalidade única e controversa pela aparente rebeldia. Sobre o seu envolvimento com drogas, iniciado aos 14 anos de idade, confidenciou ao autor naquele que foi o último encontro entre eles: “Queria que esse livro fosse um alerta sobre o que as drogas podem fazer. E brincou: Mas ninguém está preocupado com o que uma velha tem a dizer, não é?”

Sobre suas aventuras durante o exílio da família no Uruguai, disse: “Nossa fuga para o exílio foi uma metamorfose que deixou marcas e traumas. Entretanto, estivemos mais unidos do que nunca. Se o nosso país não nos queria, o exílio uniu ainda mais nossa família.”, a prisão aos 15 anos de idade, entre outras loucuras, além de um ensaio para a Revista Playboy, cuja publicação foi suspensa por Brizola, o seu casamento em um terminal rodoviário, celebrado por Paulo Coelho, a carreira de cantora e sucesso com sua música Mintchura, entre outras passagens, aguçam a curiosidade e impressionam o leitor por sua intensa trajetória, seja no contexto pessoal, seja no aspecto cultural, ou da história contemporânea do Brasil.

Neusa Maria Goulart Brizola, comportava em seu nome e por si, um elo de sua própria história, com aquela vivenciada em cenários e momentos cruciais da história do país a partir da década de 50, com inúmeras referências ao seu pai: “Meu pai (...) filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro - PTB, onde revelou sua afinidade pela luta social. Casou-se, lá pelos anos 50, com a irmã do futuro presidente João Goulart, meu amado tio Jango. E foi aí que tudo começou.”  “Meu pai é a própria história viva deste país e outros da América Latina, que fizeram parte de sua trajetória, como tio Getúlio Vargas, tio Jango, Fidel, Allende, Marechal Henrique Teixeira Lott, Jânio Quadros, Juscelino Kubitschek, Juan Domingo Perón, Che Guevara e até Frida Kahlo.” Neusinha se referia ao pai, Leonel Brizola, com muita admiração, mesmo que tenha provocado inúmeras confusões, que muitas vezes acabavam por denegrir a sua imagem de político: “Vivemos um passado sofrido, que nos politizou e nos fez acompanhar todos os seus passos. Ele mantinha o jogo aberto conosco e nos deixou exemplos maravilhosos.” E para honrar o seu nome, após a sua morte, enveredou-se na política, candidatando-se à deputada e sofrendo por isso grande decepção, principalmente com o partido que seu pai fundara, ao que ela depois, já aliviada pelo seu fracasso nas urnas, dizia: “ Nunca quis ser o ópio dos burgueses. Preferiria ser a champanha do povo.”

Por fim, a doença que a consumia, valendo-lhe amnésias temporárias, o carinho e atenção dos filhos e netos, a fez refletir sobre a sua trajetória de vida desregrada, “A questão é que precisei maltratar o meu corpo o suficiente para chegar à alguma lucidez e aprendizagem. Eu escolhi todos os meus caminhos e os trilhei até o fim. Se pago o preço por isso hoje, é inevitável.” E nada melhor para dizer do que a leitura da biografia de Neusinha pode provocar em seus leitores, do que as próprias palavras dela quando já estava próxima a sua morte: “Então vou morrer contrariando a vida. E mesmo depois de partir, vou continuar dando trabalho e causar meu último escândalo, deixando um livro que vai falar e ficar por mim, sem mintchura!” 


sexta-feira, 12 de julho de 2013

NINHO

Piracema - Ninho de pássaros- aconchego - foto by Celêdian 2009


Ouvia no oco vazio do silêncio, ecos das lembranças,
dos amores que ludibriaram sonhos e a vontade de amar.
Eram ruídos murmurantes, como escoar de águas mansas,
perseverantes e como se demarcassem no tempo, o lugar.

Não se adivinhava do seu movimento simulando danças
e nem se cogitava, contudo, dos desvios por onde rumar,
retrocedendo à margem e reavendo mortas esperanças,
onde a emoção do presente era caminho novo a trilhar.

Vislumbrava agora em um ninho, o fim de desesperanças,
num peito macio, tal alcatifa, por onde mãos a passear,
repousavam ternamente, em cúmplices desejos, alianças.

Como toques suaves na alma, mágicos gestos a acariciar,
desenhavam-se afetos, os esquecidos, em sutis mudanças
que descompromissadamente, restituíam o gosto de amar.


Republicado - original fev.2011

sábado, 13 de abril de 2013

LANÇAMENTO - GANDAVOS CONTANDO OUTRAS HISTÓRIAS


PREFÁCIO DA COLETÂNEA GANDAVOS - CONTANDO OUTRAS HISTÓRIAS


PREFÁCIO


Não é tarefa fácil e diga-se ainda que, de extrema responsabilidade, prefaciar uma obra que reúne textos de vários autores, com suas características próprias determinadas pelos seus estilos, pelas suas crenças, ideias, pensamentos e pelas peculiaridades das diferenciadas tradições regionais, que são indubitavelmente o grande tesouro da cultura de nosso imenso país. É fascinante tomar contato com as narrativas, leituras memoráveis, de modo assim tão “íntimo” e que me possibilitam senti-las impregnando-me de tal forma, que todos os sentidos se aguçam, estabelecendo um clima de cumplicidade com cada uma delas. É também para mim, motivo de grata satisfação e orgulho, figurar ao lado de escritores tão talentosos que compuseram esta coletânea, participando com alguns textos de minha autoria, assim como a prefaciando.

As boas histórias traduzem-se na arte de transformar até mesmo um tema aparentemente irrelevante ou insosso, em uma emocionante jornada através da leitura. É exatamente o que a leitura de Gandavos – Contando outras histórias, propiciará ao leitor. Essa obra coletiva tem o condão de agregar gêneros diversos, que embora tenham características que os diferenciam quanto à forma, não a tornaram um conjunto heterogêneo. Aqui há contos, crônicas, fábulas, parábolas, lendas, relatos, que se adaptam perfeitamente a um gênero único – história – narrativa que envolve a criação de personagens reais ou fictícios e enredos, que por sua vez envolvem o leitor em um mundo imaginário que os encanta.      

Há entre as histórias deste livro, ambientadas em contextos diferentes, temas compromissados com questões sociais e humanas (a pobreza, a solidão, a simplicidade, etc), familiares, situações do cotidiano, temas de ficção, mitos, lendas, superstições e fatos reais da memória cultural e da memória afetiva, apego às raízes, tradições, entre outros. Algumas histórias são carregadas de humor ora leve, ora sarcástico, além de algumas prosas que assumem um caráter lúdico e às vezes até lírico, como se pode sentir nos textos, “Cipó de São João”, “Fonte de Sabá” e “Inha, um doce de papagaio”. Esta diversidade de abordagens dos temas, com a perspicácia ímpar de cada autor, é o que, sem dúvida, permite uma leitura agradável e envolvente.

Nos textos que abordam o saudosismo, o resgate das tradições, o apego às lembranças de pessoas, situações e lugares, às raízes, há sempre um componente que nos remete às nossas próprias reminiscências, transportando-nos aos recônditos de nossas mentes, em verdadeira interação com as histórias. É o que se pode ler em textos como: Os últimos; O relógio; A foto; Cacimba Nova; A festa de São José; O dia em que falei com o rei; Decepção (reminiscências); De Gândavos a Gandavos – muitas histórias para contar; entre tantos outros.

 Em outros textos são abordados o misticismo, as crenças, os mistérios sempre regados de um forte apelo, ora de medo, ora de humor e até mesmo em coerência com a realidade do cotidiano dos autores. Esses temas estão muito bem narrados em textos que mexem com o imaginário do leitor, em histórias que criam um ambiente de suspense, surpresa e emoção, no qual o enredo e personagens ganham vida, transportando-o ao mundo mágico da imaginação: O mistério da estrada de ferro; A mulher do vestido estampado; Quarenta e uma saudades; A mulher de branco; O defunto Nicolau; Uma vida mal assombrada; O enterro; Tamanho não é documento de valentia; Olhos negros; Memórias tristes de um casarão; são entre outros textos, contos que representam muitíssimo bem essas características. Em um tom que nos remete aos questionamentos, à reflexão, há entre as histórias, narrativas de forma alegórica, como em “Uma parábola para minhas filhas”, “Um casal bem normal” “Fantasmas”, com significados que vão do concreto ao simbólico. Na mesma linha se encontram nesta obra, crônicas do cotidiano que estabelecem, em geral, conexões coerentes entre a realidade do narrador e a do leitor.

Narrar histórias, em qualquer um desses estilos e gêneros, como as que aqui se apresentam, torna possível uma comunicação cordial entre os narradores e os leitores, ainda que subjetivamente, em um contexto que dá  aos fatos abstratos, difíceis de serem transmitidos isoladamente, uma conotação de identificação com a realidade e assim permitindo uma preciosa aproximação entre os mesmos, o que por sua vez torna a leitura dessa obra muito aprazível.

Foi através de Gandavos – contando outras histórias, que pude sentir e viver importantes e variadas emoções, ao viver profundamente tudo o que as narrativas provocaram em mim, desde a sensação de voltar à época dos antigos contadores que, ao redor do fogo, contavam histórias a uma plateia atenta, até as mais simples, como gargalhar, ou entristecer-me diante das situações criadas brilhantemente por cada autor e que certamente serão emoções que provocarão deleite em cada leitor.

Celêdian Assis de Sousa
Belo Horizonte – Minas Gerais

quinta-feira, 28 de março de 2013

RUÍNAS E RASTROS

 Foto by Jones ( ruínas dos banhos romanos, em Trier, Alemanha, 27/02/12

Dois imensos olhos,
como janelas para o infinito,
como máscaras do tempo,
traduzem atávicas emoções,
em hodiernas sensações,
de que somos frutos de uma construção,
atemporal, à semelhança de ser
o que as nossas razões,
edificaram sobre as nossas emoções,
desafiando o tempo incólume,
no qual a vida vibra em movimento.

(Por Celêdian Assis)


quinta-feira, 7 de março de 2013

DESENCONTRO

Imagem Google

Exausto, desmaia o dia

Debruça o sol no horizonte

Sem palidez, ruborizado

Crepúsculo enamorado

Relaxando-se no poente

Aguarda a chegada dela

Da lua, sua eterna amada

Enquanto o céu plúmbeo

Anuncia as gotas brilhantes

Lágrimas do pranto estelar

Espalhadas timidamente

Compadecidas, cúmplices

Escondem o rubor do sol

Que esmaece, minguante

Pois, sabem-no condenado

Da lua viver distante

sexta-feira, 1 de março de 2013

TRIBUTO A OLAVO BILAC

Imagem Google
(Por Celêdian Assis)

De tanto amar, viu e ouviu estrelas
e nas asas da poesia pôs-se a voar.
Nenhum esforço para entendê-las,
posto que, era de amor aquele olhar.

De posse da pena, na ourivesaria,
tornou palavras, gemas preciosas,
pôs-se a lapidar, criando em poesia,
as jóias raras, as mais graciosas.

Do amor, perdido ou encontrado,
o poeta criou o estilo com primazia,
voou, sonhou e realizou abnegado,
recriou esperança, em doce magia.

A um poeta, por uma poeta, inspirado,
No livro que a lia, as lágrimas rolavam.
Pôs-se a vê-la, plácida, lendo ao seu lado,
página de saudade, do quanto se amavam.

Talvez sonhasse o poeta, ao vê-la,
a musa, tal anjo com a harpa dourada,
na escadaria de ouro rumo às estrelas,
perdido de paixão, por ela inspirada.

Talvez sonhasse Bilac, um dia voar,
às estrelas, e, ouví-las falar de amor,
talhá-lo em ouro, com rubis a engastar
e na oficina da poesia eternizar seu labor.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

ESTRELA E FLOR SEREI ENQUANTO...


Serei amor esperança e sempre atenta
Enquanto persistir fogo em alta chama
Enquanto este clamor me esquenta
Serei só coração que por ti clama

Serei a flor que guarda o próprio perfume
Enquanto não o aspiras e não o sentes
Enquanto não tatear cada pétala, incólume
Serei eterna e ao apelo de outra mão, ausente

Serei estrela solitária vagando no firmamento
Enquanto não podes o meu brilho ver a luzir
Enquanto me buscas e busca teu alento
Serei luz intensa guardada para em ti refletir

Serei jardim orvalhado até que me aqueças
Enquanto flor que quieta espera os suaves toques
Enquanto estrela que pouco brilha, até que só a ti apeteça
Serei constelação desconhecida, até que me invoques

Serei flor e jardim, serei estrela e constelação
Serei o que quiseres, serei poesia, teu canto
Enquanto bater louco no peito, o meu coração
Enquanto cultivar e cuidar do meu encanto

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

BARULHOS DO SILÊNCIO


Foto by Celêdian Assis - Lua cheia da minha janela - Belo Horizonte 03/12

Hoje não ouço sons de estrelas,
nem mesmo as vejo cadentes.
Não ouso pois, percebê-las,
em seus brilhos tão silentes.

Ouço raios bruxeleantes,
da lua cheia, em cio luzidio,
com os seus ruídos exultantes,
que acordam ecos que silencio,

nas sombras surdas distantes,
de um pensamento fugidio,
em notas tão dissonantes.

Ouço da lua, seus murmúrios,
e no meu silêncio lancinante,
me aliviam os seus barulhos.


SONETO DA ESSENCIALIDADE


Foto By Jones Poa - Cais do Porto - Porto Alegre – Brasil - Nov. 2011

Dissiparam-se toda as dores,
outrora aportadas no peito,
libertam-se soberbas cores,
descansadas na paz do leito.

Na calmaria, uma paz aquiescida,
não há solidão que amedronte,
solitária quedo-me esquecida,
além dos limites do horizonte.

Atracando-me à margem, frugal,
reluto em deixar-me à deriva,
ancorando-me fundo, abissal.

Na lâmina d’água clara e calma
refletem: em eterna evocativa,
essências, que navegam n’alma.

sábado, 20 de outubro de 2012

Apresentação da coletânea GANDAVOS - OS CONTADORES DE HISTÓRIAS

Desenho da capa pelo artista pernambucano Edmar Sales

GANDAVOS – OS CONTADORES DE HISTÓRIAS é uma coleção de histórias, memórias, dores, delícias, pecados, bondades, tragédias, sucessos, sentimentos pensamentos, questionamentos, resultante da feliz ideia de Carlos Lopes, que através de seu Blog de mesmo nome e que agora completa um ano no ar, reuniu excertos selecionados de diversos autores brasileiros. A coletânea reuniu, predominantemente, textos que remetem às lembranças da infância e adolescência, que marcam e fazem denotar, às vezes, certo saudosismo e em outras apenas fazem realçar os reflexos ou implicações, do que as experiências vivenciadas e individuais trouxeram de valores através dos tempos, para cada autor.

Em outros textos há abordagens de temas que remontam ao tempo em aspectos que aludem às origens, costumes, tradições regionais. As lendas [Do latim, legenda, “coisas que devem ser lidas”.] oriundas de tempos imemoriais e popularmente aceitas como verdades, as histórias fantasiosas ligadas a pessoas verdadeiras, acontecimentos ou lugares, são narradas com extrema originalidade.  Contando com autores de vários Estados, Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, assegura-se no conjunto, uma rica contribuição para a divulgação da cultura diferenciada do nosso vasto Brasil.

Há textos de caráter ficcional e histórias reais, que constituem um conjunto diversificado e moderno, que busca privilegiar a individualidade criativa, uma reconcepção da forma de expressão literária, que usa da liberdade concedida aos autores para se expressarem criativamente, sem obediência rígida a regras, preceitos, a uma gramática, a um código ou a um modelo convencional de escrita, já que hoje “aceita-se” que nenhuma forma de expressão literária pode estar sujeita a regras castradoras da sua concretização artística. Contudo, a linguagem própria de cada autor nessa coletânea, revisada pelos mesmos, sem rebuscamentos, despretensiosa, cumpre em cada texto, a sua função de comunicação, com efeito, servindo de instrumento, ponte, mediação para a comunicação, articulando com o leitor, uma interação que favorece e provoca o seu envolvimento de uma forma leve e agradável.

Eis portanto, nesta obra, uma excelente oportunidade do leitor se defrontar com uma leitura prazerosa, de realidades distintas, mas que de uma forma bem sutil consegue transportá-los a lugares, no tempo e no espaço, inimagináveis, além de, em algumas situações, remetê-los às suas próprias recordações.

Celêdian Assis de Sousa
Belo Horizonte - MG

Autores:
Carlos Lopes, Celêdian Assis de Sousa, Fábio Ribas, Gilberto Dantas, Augusto Sampaio Angelim, Geraldinho do Engenho, José Soares de Melo, Maria Olimpia Alves de Melo, Adriane Morais, Ana Bailune, Carlos Costa, José Eduardo Costa, Dilermando Cardoso, Jorge Farias Remígio e Fernando José carneiro de Souza. Ilustração da capa:Artista Edmar Sales



sábado, 25 de agosto de 2012

APRESENTAÇÃO DO LIVRO "DEDOS DE PROSA - DE CONTO EM CONTO" (Por Celêdian Assis)


APRESENTAÇÃO

Registrar em um livro o mergulho solitário nas reminiscências, na memória do que se viveu ou até mesmo o que não foi vivenciado, mas que de alguma forma marcou o imaginário, é como emergir desse mergulho e trazer à tona, aos olhos do leitor, a possibilidade de que ele mergulhe em sua própria história, seja pela semelhança, ou até mesmo pela diferença – contudo, jamais sem que o leitor fique indiferente ao convite à reflexão. Ao ler o livro Dedos de Prosa, seja na sequência de conto a conto, ou folheando um ou outro aleatoriamente, confirma-se tal intento.
Dedos de prosa é uma coletânea de contos, ambientados no estado natal do autor, Pernambuco, em cuja edição o autor utiliza também o espaço, com ilustrações em fotografias e desenhos, tornando as histórias mais verossímeis e cumprindo também o papel de homenagear pessoas que lhe são caras, além de outras pessoas, cenas e lugares, que o remetem às lembranças, ou que foram o norte de suas inspirações. es com fotografias, tornando as hists eram coisa de pobresSão histórias completas e fechadas e em cada uma delas há uma nova ação, caracterizadas pela concisão e precisão, além de uma densidade poética sem extremos, nada é tão pesado, nem tão leve, mas que causam no leitor, efeitos de inquietação, excitação e emoção. O autor alterna histórias da infância, da juventude e as da vida adulta, quebrando o ritmo de continuidade, de sequência cronológica, conferindo-lhes a característica de atemporalidade. Da mesma forma, ele funde situações reais às outras ficcionais, aludindo aos fatos ou criando cenas, cenários e personagens que se encaixam perfeitamente neste jogo lúdico de dar vida à sua história.
Carlos Lopes narra com muita naturalidade em alguns textos que remontam à infância, tais como (Inha, um doce de papagaio; Pedrinha; A Roda e o chão) - entre outros, a simplicidade de uma criança, a ingenuidade das brincadeiras, a curiosidade, a criatividade diante dos poucos recursos das épocas específicas e o apego aos animais. Em alguns textos aparecem referências já na idade adulta como repercussões das lembranças e aprendizados da infância. Outros se referem às passagens da juventude, às travessuras, o princípio da independência, os sonhos, os arroubos de paixão, sempre permeados de reflexões de cunho psicológico (reações do homem diante da paixão, do prazer das descobertas), ou ainda naqueles textos que já na idade adulta, o autor propõe reflexões filosóficas de cunho moral e social, sobre a miséria humana (A moça do jornal) e sobre comportamento do homem diante de suas mazelas na vida.
Outro aspecto marcante do autor é a forma como ele se relaciona afetivamente com seus animais de estimação e como ele lhes dá um espaço de protagonistas (Otávio, Tutinha e os outros) de suas próprias histórias, dando-lhes voz própria, como se fossem eles próprios a narrá-las, com surpreendente realismo. Em outros momentos a afetividade torna-se novamente o ponto alto da narrativa, quando rende homenagens aos amigos, quando refere ao pai ou à mãe com admiração e respeito e às muitas lembranças que são motes da maioria de seus textos. Carlos Lopes desta forma empresta aos seus textos, a sua percepção sensível e simples sobre a nobreza dos sentimentos e enlaça o leitor pela simplicidade da emoção.
A linguagem, os costumes da cultura regional são colocados de forma clara e agradável, o que deixa o leitor à vontade e que permite a ele penetrar nos ambientes, nas cenas como se elas lhe fossem familiares. Há que se destacar igualmente, a importância da contribuição do autor para a valorização e preservação da cultura local. Trata-se, portanto, de uma obra admirável.
Tenho imenso orgulho em apresentar essa, que é a segunda obra do autor e amigo Carlos Lopes e a quem agradeço pela generosidade e confiança.

Celêdian Assis de Sousa
Belo Horizonte - MG

quinta-feira, 21 de junho de 2012

TRIBUTO A MACHADO DE ASSIS

Machado de Assis - Imagem Google

A 21 de junho de 1839 nascia Machado de Assis, para se tornar posteriormente o gênio da literatura brasileira e eternizar-se na memória de nossa cultura. Rendo-lhe a minha simples homenagem, longe de qualquer pretensão de chegar pelo menos aos pés do que ele representa para mim: o maior escritor e poeta de todos os tempos. De seu belíssimo soneto Círculo Vicioso, em versos alexandrinos, faço em versos bárbaros e sem maiores técnicas, uma inversão da inveja e do ciúme entre estrelas, sol, lua e vagalume, na minha própria inveja da poesia de Machado. 
CÍRCULO VICIOSO
MACHADO DE ASSIS
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume :
— Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme :

— Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna à gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume :

— Mísera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rútila capela :

— Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?

REVERSO
(Por Celêdian Assis)
Vagam sós, com seus lumes em etérea altura,
as estrelas, recolhidas no azul escuro e tépido
não clamam solidão, ou outra suposta agrura
nem ciúmes ou inveja, da lua, de brilho lépido

D’outro canto as espreita a lua -  e murmura:
- Estrelas são como vagas, no celeste mar trépido
nas noites escuras, alumia-no de formosura,
assim como o sol, ao dia, como fogo intrépido.

Eis que surge a aurora e a luz do sol captura
que faz vagar seus raios quentes, em séquito
aos lumes da lua, que na noite se enclausura

Do ciúme, entre estrelas, lua e sol, implícito
Da inveja d’um vagulume em poesia pura
Inverto vicioso círculo em amor explícito. 

Texto-fonte: Círculo Vicioso
Obra Completa, Machado de Assis, vol. III,
Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994.
Publicado originalmente em Poesias Completas, Rio de Janeiro: Garnier, 1901.

terça-feira, 12 de junho de 2012

A SAGA DE UM PEDRO - AMOR E LUTA TRAÇANDO DESTINOS


APRESENTAÇÃO

A Saga de um Pedro – Amor e luta traçando destinos - é uma narrativa envolvente e emocionante, que se desenrola em torno de personagens de existências reais, mas que às vezes assume características peculiares de enredo ficcional, pelas tão intensas relações de convívio do protagonista com o seu mundo, por sua luta árdua e incansável, pela sua sobrevivência e dos seus, as quais influenciaram tanto os seus comportamentos.

O autor Carlos Lopes muniu-se de elementos de uma extensa pesquisa genealógica, que fez durante anos e que combinados à sua sensibilidade, reproduziu lugares, imagens, sons, ritmos e movimentos que por si sugerem a realidade de cada cenário, de cada cena da vida real, trazendo significados aos sonhos, à ilusão e à realidade da vida de homem.

O texto assume uma forma muito interessante, pois embora seja tratado pelo autor como uma biografia, é narrado em primeira pessoa, numa clara alusão de que o próprio protagonista da história, o Senhor José dos Santos Gonçalves, o esteja narrando. É uma maneira inusitada e criativa, que dá a exata dimensão da proximidade do autor com a história, do conhecimento com riqueza de detalhes e até da intimidade com os sentimentos do protagonista. O livro tem um outro aspecto também muito interessante, quando nos deparamos com capítulos, que bem poderiam ser crônicas avulsas, com sentido completo, no entanto, se complementam, numa seqüência lógica, brilhantemente conduzida na linha do tempo. É permeado de diálogos curtos, conduzidos sempre pelo autor com o cuidado de preservar a linguagem regional, guardando a simplicidade de cada personagem.

A história vivida em várias regiões do país e cujo enredo se desenvolve a partir da infância do Senhor José, que apesar do susto inicial e do estigma de maldade associado às suas traquinagens, muda o seu conceito e iniciando-se assim um novo ciclo de aprendizados, que o levaram aos valores verdadeiros do bem, que vão sendo delineados a cada nova descoberta, a cada nova aventura, à medida que a vida lhe ensinava a entender a importância do amor, da família, amizade, da solidariedade.

E em perfeita sintonia, muitas vezes como personagem da história, Carlos Lopes, soube com maestria, demonstrar em sua carinhosa homenagem ao seu pai, além de respeito por sua luta pela vida, que o verdadeiro amor pela família, a cumplicidade e tolerância da esposa e dos filhos, foram determinantes para traçar-lhe o destino, o que hoje garante a ele a tranquilidade junto aos seus.

Sinto-me privilegiada e honrada pelo convite para apresentar esta obra, o que me atribui a enorme responsabilidade de passar com fidelidade, o que pude sentir de emoção, ao acompanhar linha a linha, a saga de um Pedro, retratada pela rara percepção de seu filho, o autor e amigo, Carlos Lopes.

Celêdian Assis de Sousa
Belo Horizonte – MG

O livro encontra-se à venda no site do escritor Carlos Lopes: 
http://gandavos.blogspot.com

quarta-feira, 23 de maio de 2012

OLHARES CONTRASTANTES

Foto by Celêdian Assis - Vista da minha janela - Piracema/MG - Maio 2012



Há uma incontrastável frieza
Nos opacos matizes da brumas
De um inverno gélido e inexaurível
Instalado súbita e sorrateiramente
nos ares mornos de um outono invisível.

Há incúria em um olhar perdido
Em uma indevassável sensação
De ser dissoluto o pensamento
que a névoa ousou embotar-lhe
naquele indefinível momento.

Mas eis que há a alma resiliente
(ao inverno que se instalou breve)
que repara com o olhar agora atento,
na mais outonal expressão,
nos sentidos, o renascimento.

E no mais contrastante sentimento
brotando do cerne, um calor latente,
dissiparam-se os nevoeiros diáfanos,
que esparsos diluíram-se aos olhos
tornando inefável, a orgia da mente.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

POEMINHA PARA UM ESPLÊNDIDO CREPÚSCULO

Foto by Joel Gomes Teixeira - Irati - Paraná - Brasil

Na ourivesaria da natureza

desenha-se a joia mais rara,

no crepúsculo que vejo,

no céu de ouro ornado,

no contraste esverdeado,

da mata em esmeralda,

onde contemplo extasiada,

o fim de um dia iluminado.

É a jóia mais rica talhada,

pelos dedos do hábil Ouvires

em sua obra encantada. 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

FAMÍLIA – A ÁRVORE DA VIDA

Foto by Celêdian Assis - Jardins da PUC Minas - Contagem - 2011


Um solo virgem, que regado por águas,
da nascente da esperança, torná-se fértil,
para receber sementes, dos frutos do amor.

Plantadas com fé, criando as raízes,
que sorvem do solo, a seiva da vida
e projetam à luz, o caule ainda frágil.

E ele cresce forte, com o ar que respira,
com a luz, os sais e água que absorve,
resistindo aos ventos e às chuvas torrenciais.

Origina os galhos e os lança ao mundo.
Recobrindo-lhes de folhas, tornando espessa a copa
e que às vezes caem, pela força das estações.

E ela oferta as sombras, como suaves carinhos.
Protegendo seus galhos, nutrindo o solo,
alimentando as raízes, da seiva forte que elaborou.

Os galhos prosperam e gestam flores e frutos
e eles engravidam de outras sementes,
que em ciclos perfeitos, renovam a vida.

Solo irrigado de esperança, de raízes profundas do afeto, 
de caule e galhos fortes, como seios que sustentam,
de folhas que protegem, de frutos sãos, maduros e fartos,
que crescem em segurança e fecundam as sementes,
nasce como a árvore mais frondosa, a família, 
que  perpetua-se, como a árvore da vida. 

Este poema foi escrito para a roda de interação proposta por Norma Emiliano, do blog: http://pensandoemfamilia.com.br/blog/  
como forma de demonstrar o apreço à instituição Família, por ocasião da comemoração do DIA DA FAMÍLIA, que se celebra em 15 de maio. 

domingo, 29 de abril de 2012

TRIBUTO AO AMIGO JOSÉ CLÁUDIO - CACÁ

Pico de Itabira - MG (imagem Google)

A cidade de ferro, cidade da poesia,
Do tupi, Ita, pedra e bira, que brilha,
A Itabira gerou Drumond e a alegria,
Moldou José Cláudio, em igual trilha.

De José Felipe e de Dona Maria Delfina,
O filho herdou o José, também  o Adão,
Da prole, oito irmãos, a família genuína,
Amor e filhas, forças de sua emoção.

Em todas as suas andanças, peregrinação,
Viveu em Mariana, nossas Minas tão Gerais,
Sonhou sonhos que eram só seus, a ilusão,
De resgastar a aura romantica dos festivais.

Em suas buscas, no Horizonte Belo aportou,
Na sua rica história, muitas mazelas e alegria,
Desacertos, tombos e muitas vitórias somou,
Das pedras no caminho, degraus para alforria.

Homem de ferro, espírito forte e de vontade,
Doce homem da poesia, o amigo tão sensato,
Doa-nos a beleza d’alma, com a simplicidade,
Retrata o dia a dia, na prosa o talento nato.

Espiritualidade, coerência e a consciência,
Esteios do seu ético e fiel comportamento,
Merece de todos o respeito, pela decência,
Todo sucesso na vida é seu merecimento.

*Todo o meu carinho e amizade a você, Zé.
Celêdian Assis

domingo, 4 de dezembro de 2011

VOOS E VOZES

Fotografia by Joel Gomes - Irati - PR - Brasil

VOOS E VOZES

Sopra uma aragem

e em pousos acidentais

balouçam segredos,

pensamentos triviais

suscitam desejos,

de voo longínquo

e outros bafejos,

de ser ubíquo,

em sonhos alados,

voar e pousar,

rompendo o vento

e significados

da voz das coisas.

Celêdian Assis - 21/11/11


domingo, 20 de novembro de 2011

TÚNEL

Foto acidental por Celêdian Assis - Piracema 09/11

Hoje acordei assim:

Taciturna,

Sorumbática,

Macambúzia.

Sensação estranha

de falibilidade,

inércia,

não presumida,

nem consentida.

Listei na memória,

livros e textos que não li,

amigos que não revi,

poesias que não escrevi,

impressões que não troquei,

amores que não senti,

coisas que não conclui,

tanto que não aprendi,

na vida que já vivi.

É como se me perdesse

no labirinto de mim,

de um tempo túnel,

espiralizado e no fundo,

concêntrica(mente),

me encontro estranhamente

só com a presença de mim.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

TATUAGEM

Foto por Celêdian Assis - Jardins da PUC em Contagem - MG - outubro de 2011

Ali no velho tronco,

uma pele surrada

de sol, luz e calor,

de chuva, seiva

de vento, idas e vindas

do tempo, sobrevivente,

imitando casca de gente

que o tempo tatuou

e resistente, guarda

no tronco erguido

marcas de um seio

que alimenta a vida.

Celêdian Assis - 13/10/11

sábado, 5 de novembro de 2011

POSSIBILIDADES (poema 5)

Foto by Jones Poa - Porto Alegre - RS

TEMP(O)RALIDADE e ABSTRAÇÕES

Série de poemetos meus inspirados na obra de Jones A. dos Santos, psicólogo, psicoterapeuta e segundo palavras dele, experimentador das artes ( escultura, pintura, escrita e fotografia ), Porto Alegre - RS – Brasil. http://ensaiosjones.blogspot.com/ e http://jonespoa.blogspot.com

POSSIBILIDADES

Já descorada, debruçou exausta,

ignorou o verde à sua volta,

sabe que será húmus,

depois de fartar-se da seiva,

que outrora encontrou bruta,

planeja juntar-se às outras,

para elaborar outras vidas.

Os homens?

Não podem adubar o chão,

quando finda a vida,

apenas podem deixar sementes,

se férteis ou não,

depende se suas sábias escolhas.

Celêdian Assis

03/10/11

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

NATURAL(IDADE) (poema 4)

Do álbum de fotos de Jones Poa- RS

TEMP(O)RALIDADE e ABSTRAÇÕES

Série de poemetos meus inspirados na obra de Jones A. dos Santos, psicólogo, psicoterapeuta e segundo palavras dele, experimentador das artes ( escultura, pintura, escrita e fotografia ), Porto Alegre - RS – Brasil. http://ensaiosjones.blogspot.com/ e http://jonespoa.blogspot.com

NATURAL(IDADE)

Tempo, intempéries

metamorfose

contraste de vida verde

e rugas enegrecidas

pintas, nevos, sardas

superficialmente marcada

ainda guarda, um tom dourado

tal como peles surradas de gente

os brilhos únicos da senescência


Por Celêdian Assis - 03/10/11